sábado, 4 de junho de 2011

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Não sei ao certo o que perdi nos últimos meses. Nem como tal coisa se esvaiu de mim. Quando me dei conta nada mais habitava meu ser, além das lembranças. Enganei-me ao achar que viver intensamente ou ao máximo, significava também ter que ignorar meus sentimentos. E eu os ignorei tão completamente, cega pela missão de aproveitar a vida, que quando notei, já não podia sentir mais nada além do desejo. Tornei-me um museu que triunfa sobre o presente. Belo, vívido, mas impregnado pelas cinzas.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

water


Hoje enquanto cada célula do meu corpo se abrandava, ao sentir que o ódio recuava vagarosamente e se podia gozar novamente da paz singela e da alegria aconchegante que se obtém nas pequenas coisas, tudo o que consegui fazer foi agradecer pela água mineral dentro da garrafa, que atravessou a minha boca em direção ao esôfago tocando sutilmente cada parte e refrescando até bater no estômago e dando frio. Água pura. É bom saber que ainda existe água limpa no meio de toda essa sujeira.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tampe a boca

“14 dias” ela disse. “Dane-se” respondeu pra si mesma.

Existem 17 mil emoções e 504 pensamentos. Pode ser que metade sejam seus. Todos duvidariam de um número menor. Mas essa tal coisa chamada felicidade (que só pra aborrecer o meu comodismo não é nada constante, vai e vem quando bem entende porque sabe que é o único jeito de ser essencial) é sua melhor amiga, e a trancos e barrancos aquece o sorriso do meu rosto. Aquele sorriso que eu tampo com as mãos, por causa do aparelho (“Falta pouco tempo pra tirar, podia ser pior, eu pelo menos tenho dois braços, duas pernas...” vivo dizendo). Mas que por isso não é menos sincero, nem menos honesto, nem menos vivo ou excitante, nem menos conflituoso e egoísta, nem menos irritante, nem menos prático ou completo que nós dois.